quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Descobrindo a Amazônia (Dezembro 2007)


Passando velhos cadernos à limpo, achei o relato de viagem Manaus-Santarém-Manaus.

Desculpem qualquer coisa, eu era jovem.


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MANAUS
No barco, Amazon Star - 676 passageiros
Convés - 324
Convés superior: 282
Cabine - 70
Tripulação - 11

Compramos rede com Zé Carlos, no caminho pro mercado. A rede do Greg faz barulho, parece que vai romper, mas não rompe.
A construção da beleza no Brasil: unhas do pé feitas, brincos, colar.
Se pegar o barco no porto hidroviário,paga R$115,00 1a classe, e R$95,0 a 2a.
O porto fica na frente do Mercado. O mercado está em reforma, e fede.

O banheiro do barco funciona bem nas primeiras 4 horas. Depois é fralda de bebê e merda pra todos lados.
Há duchas para o banho. Água potável. Espero que a água de uso seja coletada em uma hora, e o esgoto despejado em outra.

Vimos o encontro das águas, o Rio Negro e Solimões. Na faixa de encontro, há também um monte de detritos.

Postos de abastecimento no meio do rio, navio carregado de container hamburg Sud, e grande reforma na refinaria da Petrobras.

E a prostituição rolando solta nas cabines da tripulação. Bizarro.

Açaí fresco com farinha d'água, tucumã. Tomate e cenouras diretamente de São Paulo. Quase 4 mil km viajados pelo tomate que comi. 
Temos 1 colher Tramontina.

E espero pela lei proibindo a fabricação de copos descartáveis.

O café da manhã foi bom: pão, manteiga, melancia, e café, com muito açúcar.
O Sr. Pedro não pode tomar café por problema de coração. Precisa perder peso, e só toma leite de soja.
Para um garimpeiro da Guiana Inglesa que está voltando para a casa, no Maranhão, com o seu sobrinho, eu sou italiana e o Greg é grego (quase adivinhou o nome, mas acho que confundiu com gringo).

O ar da manhã é fresco e úmido. É úmido o dia todo.
A luz não se apaga a noite, difícil pra dormir. Um homem dormiu no chão, em cima dos coletes salva-vidas. A outra mudou a rede, por conta de um que peidava durante a noite.

Tem gente de todos os tipos: senhoras bem vestidas, profissionais do sexo, mulheres fazendo a unha dos pés no cais.

Parada em Parantins. :) Fica a dica de melhor banheiro do trajeto!
Aqui descarregou-se um caminhão de fogos de artifício. Material explosivo, em barco de passageiro.
Agora há dois caminhões de engradados de cerveja vazios, sendo transportados para encher no baixo Amazonas.

Vendedores autorizados, pedintes, total descontrole de quem entra ou sai. 

Tacacá - goma, tucupi, agrião, alho.
Mandioca só serve par farinha e tucupi. Macaxeira se come cozida.

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As pessoas usam roupas coloridas. O vendedor de móveis com selo, vende tudo de cipó da reserva extrativista.
Passamos por Juriti, paramos agora para a fiscalização.
Posto de Fiscalização Integrada, Base Candiru: + de 3 horas de espera.
Histórias de caminhoneiro.
O senhor que dorme nos salva-vidas veio há 35 anos construir a rodovia Manaus-Porto Velho.
Nos pergunta "se meu esposo" faz tatuagem, já que temos cara de hippies.

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A qualidade da viagem muda muito por uma diferença de R$10,00. E a maior parte das pessoas não pode inteirar essa diferença.
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1800 fardos de arroz deixados em Óbidos. Subiu farinha de mandioca.
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Alter do Chão
Balneário turístico na foz do Rio Tapajós. O processo de urbanização deve ter começado por volta de 1999/200. Antiga vila de pescadores, casas de madeira e pau-a-pique, é hoje, igual a todo o resto: casas de alvenaria, hotéis quadrados, infinitas lojas de artesanato, barqueiros sem identidade levando os neocolonizadores de um lado para o outro, até a praia, de um lado, cheia de cadeiras das grandes corporações de bebidas, do outro, com o lixo por elas gerado, e restos dos barcos, de canoas de levar gente, que afundaram quando choveu. Não um barco. Muitos deles. O início da superficialidade sobre os bens materiais.
O "índio' de nome Charlie pede R$350,00 para o passeio até a Flona. Dois dias depois, ele nos deve R$20,00 se não aparecer nas próximas 2 horas.

Malocas, malocas turísticas. Aqui dormimos. Muita formiga, formigas sanguinárias.
Chega uma família de colonas da década de 70. Em 78, mudaram para Uruara (PA). A cidade beira à Transamazônica, há 480 km daqui. Mas pela nova estrada, no meio da floresta, onde é fresquinho, são só 230 km. TransUruara. Começada pelos madeireiros, faltava apenas 70 km para chega à Santarém. Encurta o caminho até a Transamazônica. Dá pra ver caça na estrada. Continuam desmatando tudo, e os ambientalistas não falam nada. Queria dizer que profissão ambientalista não existe.

Sr. Albino é do Rio Grande do Sul, descendente de alemães. Mas subiu pro norte com o movimento de colonização paranaense. É agente ambiental, segundo a carteirinha que não tem nem o seu nome, emitida por uma ONG.
E assim se faz o Brasil, se salva os Brasis. Sou estrangeira no meu próprio país.

Novos visitantes na maloca. Natália e Zac. Casal de malabaristas, argentina e americano, tocando a vida na paz.

O ritual de torra das castanhas de caju foi inesquecível! Elas explodem feito fogos de artifício.
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As duas horas se passaram. Charlie deve ter se perdido na noite de Ayuasca ontem.

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O Greg está doente, e de fato, levamos calote. Leve, mas calote.
Uma porção de casais "se amando" livremente na praia. O Greg acha estranho.

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Um pescador com alma de pescador. Idade de 60 num corpo de 35-40. Enxuto.
Descobriram por aqui uma mina de bauxita para explorar por 100 anos. Cidade nova, já tem 5 mil homens, e alojamento feito pra abrigar quem vem de fora. O filho pensa em ir.
Tem arraia mesmo na água. E aparecem à noite, noite sim, noite não. Ele usa um pau pra espetar o chão.
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Na cidade, jipes, gente superciail. Parece o Litoral Norte Paulista em temporada.

SANTARÉM
Santarém, a terra do urubu., dos mini-box, da areia vermelha, e camisas coloridas escritas em inglês.
Empresa avícola, AvisPará. "Integração Agrícola". Produção dispersa em pequenas comunidades.
Santarém é uma cidade grande como qualquer outroa. na periferia há cavalos e bois comendo o mato, bebendo a água que corre a céu aberto nas sarjetas (seria esgoto?).
Dormimos na casa de dois jovens alemães, Phillip e Sebastian, voluntários em uma creche. Trocaram o exército por reformas e cuidado de crianças no meio do Brsil.

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BELTERRA
Sec. de Educação.
Vila Americana, s/n. CEP: 68143-000. Fone: (93)558.1177
Foi lá que conseguimos o transporte para entrar na Flona: o ônibus escolar.
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Não adianta querer copiar as estruturas!
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Na UFAM, acompanhando nossa anfitriã que estudava etnomusicologia.

Margens Meíticas: A Amazônia no Imaginário Europeu do Séc. XVI. 
Margens são diferentes de fronteiras. Fronteiras dá ideia de limites, margens são um conceito mais fluido.
Margem também, no significado simbólico da marginalização.

Muito cuidado ao ouvir a história que se quer ouvir. E reforçar os mitos.
O Amazonas já foi chamado de "Santa Maria del Mar Dulce".

Religião e Feitiço.
O mito da cobra grande.
Mito do Eldorado.
A borracha foi avalista para empréstimos.
A Zona Franca de Manaus foi fundada em 1967.
Há muitas maneiras de se observar a Amazônia.

O Povo das Águas
Mito de Ipanema (de que mulheres trazem má sorte na pesca).

Barth, F. Os grupos étnicos e suas fronteiras.

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