A minha não-viagem ao Sahara Ocidental - Parte 1

Desde que eu mudei pro Marrocos eu queria cruzar a fronteira pontilhada que divide o Marrocos em dois no GoogleMaps, ou a fronteira que separa o Marrocos do Sahara Ocidental. Pois bem, não aconteceu.

Quando minha irmã confirmou a ida pro Marrocos, perguntei pra ela se ela toparia fazer a viagem mais louca que eu já tinha me proposto: atravessar todo o Marrocos, o Sahara Ocidental, a Mauritânia e chegar até Dakar, no Senegal. Ela disse que sim. Fui eu quem percebeu depois que não ia conseguir usar minhas milhas para voltar, nem fazer tudo isso com um tempo saudável de paradas nos pontos que queríamos visitar.

Fora pensar em fazer câmbio de moeda umas 4 vezes, encarar zonas ultra-machistas islâmicas sozinhas, e transportes duvidáveis. Aí embaixo as imagens dos meus estudos de rotas e câmbios, pra ter ideia do preço das coisas.

 

Aos poucos entendi que seria chato, que o visto da Mauritânia só pra atravessar o país custaria uns 50 euros cada, fora o tempo na Embaixada em Rabat. O trecho do "não-território" entre a fronteira Sul do "Marrocos" e da Mauritânia é conhecida como terra de ninguém, pelos 16 km que separam o controle de fronteira de um país e do outro. Enfim. Achei que podia deixar essa aventura pra outro momento na vida.

E então decidi mudar os planos, ficar apenas no "Marrocos". Iríamos apenas até Dakhla, cidade de beira de praia, onde dá até pra tomar banho de mar, fazer kitesurf, mas ao mesmo tempo curtir a cultura do deserto. Desceríamos de ônibus para vivenciar a travessia do Sahara, e de lá tomaríamos um avião com a Royal Air Maroc usando as minhas milhas de volta até Casablanca. Não sairíamos do Marrocos, a moeda é a mesma, a empresa de transporte do reino opera linhas regulares até lá de várias cidades, e eu ainda tinha dois conhecidos na rota da de descida.

Tudo lindo, só que não.