Agora em fevereiro saí da Itália e fui para Basel, Suíça, para a Conferência Internacional de Agricultura Biodinâmica, que na verdade aconteceu em Dornach.
Pra quem nunca ouviu falar disso antes, a Agricultura Biodinâmica é um tipo de agricultura orgânica, mas que se fundamenta na Antroposofia e foi fundada a partir do curso agrícola ministrado por Rudolf Steiner em 1924.
Já falei brincando para amigos que é bruxaria aplicada à agricultura, já que muitas vezes o que é mais marcante das técnicas são os preparados biodinâmicos, que vão desde enterrar chifre com esterco antes do inverno (para o preparado chifre-esterco) a enterrar tripas de vacas recheadas com flor de camomila, além é claro, de usar as fases da lua e os movimentos planetários.
Eu sei que a primeira vista tudo isso parece coisa de maluco, hippie, bicho-grilo. Mas há sim uma lógica por trás desses ensinamentos, e pesquisas que começam a demonstrar cientificamente alguns resultados. Porém, falar com agricultores que começaram a fazer isso e tiveram excelentes resultados é a melhor maneira de ver como a maluquice funciona.
Preparado de camomila, Maio de 2012. |
Os princípios das forças terrestres e cósmicas, equilíbrio de solo, e muita coisa mais é que fazem a biodinâmica.
No Brasil, o Grupo Elo, em parceria com a Associação de Agricultura Biodinâmica, coordena uma pós-graduação e curso de extensão sobre o tema. Recomendo fortemente aos interessados apesar do elevado curso. Há possibilidade de bolsas parciais para os estudantes clássicos, e integrais para agricultores.
Mas vamos de volta à Suíça.
O Goetheanum
Olhando para as fotos um mês depois da viagem a imagem do Goetheanum me lembro das palavras de Ana Paula em seu trabalho de fenomenologia, falando sobre os cristais.
A primeira vista, o Goetheanum tem uma frieza, não só pela neve que circula seus pés no inverno, quando a terra está dormida. É nos tons de cinza, na frieza do concreto, nas janelas pequenas, que ele se mostra enquanto rocha, mineral.
Mas aí por dentro, como numa rocha de cristal, que brotam suas cores nas paredes, vitrais, a luz que iluminam salas, corredores. Tudo aquilo que reside, mas só podemos ver quando adentramos a seu interior e o expomos à luz.
Cores e símbolos |
O Grande Salão (foto de http://ih2.redbubble.net/image.4412389.1964/flat,550x550,075,f.jpg, porque é proibido fotografar aí dentro) |
Escadas e andares coloridos |
As esculturas
A famosa escultura "O representante da humanidade" fica guardada a sete chaves, numa sala muito bonita, com escadas e bancos em formato de arena para sentar, sentir, pensar, e agir.
O "Representante da humanidade". (imagem da Internet) |
Porém, é neste ateliê que a maior parte dos trabalhos foi desenvolvido. É também aí que Steiner realizou a passagem, e deixou seu corpo físico.
Ateliê de Steiner. Foi também o prédio onde ele realizou a passagem e deixou o corpo físico. |
A oficina de Agricultura Biodinâmica e Agricultura Urbana
Na conferência (da qual só participei do último dia de quatro), me inscrevi para o workshop de agricultura biodinâmica e agricultura urbana.
A questão do último dia era como colocar em prática a relação entre essas duas coisas, e em especial, como forjar alianças para promover tudo isso!
Síntese de idéias |
Muitas discussões surgiram.
E coloco aqui a reflexão na qual entrei quando cheguei.
O que é o urbano?
-Um espaço onde estamos próximos (fisicamente) mas ao mesmo tempo longe (afetivamente).
-O dinheiro define acesso a todos os recursos que você terá acesso.
O que fazer?
Inspire people!
Compostos urbanos biodinâmicos coletivos?
Da síntese do grupo, o raciocínio foi mais ou menos esse:
A mudança das pessoas não vem pela razão, mas muito mais pela emoção. Para uma real mudança, é preciso tocar o coração das pessoas.
Happiness is what happens!
(Felicidade é aquilo que acontece)
Skywatching!
Meeting in the dark might bring some lightness.
Olhar o céu.
Encontrarmos no escuro pode trazer alguma luz!
A ideia que propus, como atividade de mobilização em cidades, é o simples olhar o céu.
Reconectar a cidade a natureza, aos ciclos. As luzes em muitas cidades, não nos permitem ver o céu, contemplar, com a escuridão, a luz das estrelas.
O céu também é unidade integradora. Ele é o mesmo, para todos.
O mais legal de um evento como esses, é que não custa nada. O grande desafio, é achar, nas cidades, estes espaços escuros, sem luz, em que as pessoas não tenham medo da violência, e se proponham, uma vez por mês, a parar, e observar.
O plano seria de que cada um, dentro da sua possibilidade, organizasse esse calendário de assistir ao céu (e não a Globo ou o Jornal Nacional, no Brasil).
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Um dos grupos trouxe uma abordagem bem interessante a partir da visão da Antroposofia e o papel de cada elemento nessa aliança.
Físico - O que existe lá?
Etérico - Como eu/nós traremos os ritmos e ciclos saudáveis?
Astral - Como eu/nós equilibramos as 3 qualidades da alma?
Ego/Eu - Como eu/nós nos conectamos com o espírito de um lugar?
E da síntese geral do workshop?
Alliance & Allowance
Não basta construir alianças, procurar parcerias, trazer pessoas. É preciso abrir espaço, permitir que elas se integrem e ajam!
Aceitar as imperfeições das relações
Nas parcerias, as coisas não serão perfeitas.
Aprender a desapegar
É preciso saber deixar ir (let go).
Equilíbrio de gênero e idades
Quanto mais equilibrado em gênero e gerações, melhor será a riqueza de um grupo, a diferença de olhares, as possibilidades de trocas e criações.
O papel da música e da arte!
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Para as pessoas que falam inglês, sugiro assistirem também as entrevistas feita pelo Tom Boyden, que escreve o blog Organic and Urban (também em inglês) com Maria Pietro e Bastiaan Frich, que coordenaram este workshop e são membros do Urban Agriculture Basel.
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Agradecimento especial a todos os mestres do Instituto Elo, e em especial a Deborah Beniacar e Andrea Dangelo que deram um grande apoio para eu estar lá.
Gratidão!
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Agradecimento especial a todos os mestres do Instituto Elo, e em especial a Deborah Beniacar e Andrea Dangelo que deram um grande apoio para eu estar lá.
Gratidão!
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