sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Fès

Eu sei que pronuncia-se de uma maneira diferente, mas toda a vez que eu ouvia falar desta cidade me vinha a palavra fées, que quer dizer fadas, em francês. E sempre achei que essa cidade teria uma aura um pouco de contos, et tinhas as imagens do filme "Azur e Asmar" na cabeça (por sinal, recomendo muito este filme, é pra criança, é sobre príncipes e princesas, mas é diferente).



Cheguei de Casablanca de ônibus, no terminal da CTM, aproveitei o wifi do café pra estudar o mapa, contatar minha anfitriã do Couchsurfing (Cristina), checar sobre a chegada na Espanha, a partida para a França, o apartamento em Lyon, tudo isso que iria acontecer em menos de 48 horas.

Combinei com Cristina na frente de um hotel, já na Medina. Esperei um pouco, e logo ela chegou. Passamos a noite conversando sobre línguas, culturas, e os desafios do processo de adaptação de uma mulher ocidental ao mundo marroquino.

Conversando com Cristina que descobri que o véu pode ser mal interpretado em mulheres ocidentais
Na manhã seguinte, a previsão era fazer um tour pelos artesãos da antiga medina acompanhada da minha anfitriã do Couchsurfing, que trabalha com isso nos finais de semana, mas a chefe dela miou o meu passeio no caminho (a chefe, é a loira da foto).

Cristina e sua chefe
Mas enfim. Fiquei abandonada num cruzamento da medina, sem mapa, sem roteiro, sem guia na mão, e com uma indicação (da loira) de "descendo aqui à direito você chega onde estão as tinturarias". (Cristina foi super gentil em todo o processo, grata, e super tranquilo o mal entendido).

Segui a tal dica, e as ruas foram ficando mais estreitas, menos movimentadas, e minha coragem diminuindo. Pra variar, um marroquino se aproxima, pergunta se venho da França, Espanha, Itália, Canadá, etc... e vendo que seus palpites não serão produtivos (brasileiros que falam francês fluentemente por lá devem ser raros), pergunta afinal qual minha nacionalidade. Enrolei, mas acabei cedendo.

Fato é que ele disse que me levaria a um mirante onde poderia observar a área de curtume. Essa é uma das atividades importantes e famosas da cidade. E como eu não queria ir embora de Fès sem ver isso, assumi o risco de o seguir.


E o negócio é legal demais mesmo! São 4 espaços como este, da foto acima, dentro da Medina de Fès. Apenas homem trabalham nestes curtumes. E o tal terraço, era na verdade, de uma loja, onde acabei comprando um pufe de chão em couro.


Se você acha que já conhece essas imagens, você não está enganado. Na novela o clone, Giovanna Antonelli e Murilo Benício muito passearam por essa terra, que foi onde o folhetim foi gravado. O que faltou na novela foi o cheiro de carniça que paira no ar.

O couro amarelo, da foto abaixo, é para a produção de algumas babuches específicas, que eles chamam de "babouche du roi".


O artesanato de Fes é algo extremamente intrigante e que sem dúvida, merece muito mais aprofundamento.

Na sequência do curtume, fui levada para uma tecelagem artesanal.
Lá, eles produzem cortinas, colchas, lenços, a partir da fibra de uma agave.


Pra mostrar a diferença das fibras, e garantir a tal qualidade, um fio da peça é tirado e queimado, para mostrar a diferença entre a fibra natural e a fibra sintética. Sim, comprei uma colcha também!


Fibra da agave de onde os fios são fiados
Segundo os proprietários da loja, eles são bérberes, e é a família que ainda vive no interior que processa os fios, e depois manda para a cidade para eles tecerem. No Marrocos, eu trucaria até doze. E até agora desconfio se a manta que comprei é verdadeiramente de fibra de agave, ou era só o fio da mudança de cor que eles deixam certo, pra poder enganar direitinho o consumidor.


Mas bem, nem que tudo seja só ilusão, é uma ilusão bonita de ver!


E ver coisas sendo feitas artesanalmente, com teares manuais e de madeira, é genial.


Já os tapetes, em sua maioria, continuam vindo do sul, e os comerciantes de Fès alugam espaços para guardá-los. Um dos quartos da casa onde me hospedei, era na verdade, estoque de tapetes marroquinos. O terraço também era alugado para que eles pudessem ser lavados e secos, antes de serem vendidos ao cliente final.

A tapeçaria marroquina, que realmente dá vontade de se comprar tudo!
E pra fechar, uma foto do meu guia.
Foi ele quem insistiu. E acabou ficando com o meu lenço vermelho, que há tantos anos vinha acompanhando minhas malas e mochilas pelo mundo!
Meu guia de Fès, que não me cobrou nada mas deve ter ganhado comissão de todas as lojas onde me levou.

Transporte
Este mesmo guia insistiu que eu teria que pegar um táxi da Medina até o aeroporto, por 150 DHS. Eu achei muito, e aí acabei me despedindo, e assumindo o risco da informação de que havia um ônibus que saía da estação de trem pra lá.

O táxi até lá me custou 15 DHS, me deixou no ponto exato do ônibus, e em menos de 15 minutos, éramos 5 turistas, e um "Grand Taxi" nos levou cobrando 15 DHS de cada um. E ainda ganhei uma carona do aeroporto de Barcelona até o centro da cidade, já na Espanha, com meus dois colegas de táxi catalães. Um viva pra solidariedade universal!

Guia
Retornei a Fès agora em 2014, e em um dos pontos turísticos um guia encontrou a mim e a meu amigo meio perdidos.
Como ele fala português, deixo o contato.
Recomendo um guia para andar pela Medina, porque caso você se perca e precise de informação, terá que pagar por ela de qualquer maneira.

Salim
0668 63 74 32 / 9667 19 80 43 (DDI +212)
e-mail salim2003_204 @ hotmail.com

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