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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Publicidade Infantil

Como anda curto o tempo para escrever no blog, venho aqui apelar pela participação em uma campanha que boto fé.

Está em aberto uma campanha/abaixo-assinado em defesa das crianças: contra a publicidade voltada para menores de 12 anos!

É extremamente interessante, e busca reconstruir os valores da infância, onde brincar, fazer, e aprender devem ser a regra, e não comprar!

O link para acessar a campanha completa é esse: http://publicidadeinfantilnao.org.br/

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"Não precisa sacolinha"

No Pão de Açúcar...


...a onda verde já chegou.


A velha sacola de lona, aposentada no fim dos anos 90...


... é substituída por belezuras do século 21,


...Com direito a prateleira especializada.


Se liga que a moda é ser "ambientalmente correto"




Em Brasília a moda é lei.
A Lei nº 4.218/08 publicada no Diário Oficial do Distrito Fereral de 19 de Outubro de 2008, determina a substituição do uso de sacolas tradicionais no comércio por opções com maior vida útil, com 36 meses para se adequarem.


Mas a militância já faz sua parte...

Garoto no Carrefour de Manaus


Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal - Brasília Ambiental


Correio Braziliense

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-Não precisa sacolinha
-Mas pra carregar...
-Eu levo na mochila. (ou "ponho na sacola", apontando pra baixo)
-Mas vai sujar, fica muito pesado.
-Não vai não
-Mas por que a senhora não usa?

Antigamente minha resposta era?
-Já tem muito plástico no mundo
ou
-Não quero que meus filhos morram sufocados por sacolas plásticas~.

E agora:
-ISSO É TÃO RUIM QUE EM BRASÍLIA EM 3 ANOS VAI SER CRIME USAR ISSO.

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Que a moda se replique!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Eu passo frio na Amazônia

Eu sei, parece incrível, mas é quase ridículo: morro de frio no Amazonas!

Tem ar-condicionado por todos os lados, e a temperatura deve ser no mínimo 10 graus menor do que a temperatura lá fora.
Acho inconcebível ter que trazer blusa de frio pro trabalho, quando lá fora todos os poros excretam água tentando baixar a temperatura corporal.

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Ar condicionado gasta MUITA energia!

Se na Europa, tem a campanha para não esquentar tanto a casa no inverno, na Amazônia tinha que ter a campanha para não esfriar!

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Em Manaus, na UEA, homens não podem entrar na universidade usando bermudas. Não importa o calor e a umidade relativa do ar, tem que estar vestido da cintura aos pés!

Além da regra explícita, há também as regras implícitas.
Quando cheguei ao evento do CECLIMA, de vestido de alças e chinelo havaiana, me olharam como se estivesse nua ou fosse menina de rua.
As mulheres usavam camisas, e blazers, e meias-calças, e sapatos fechados!

Mas faz calor o ano inteiro aqui, e a única possibilidade de manter este vestuário vestível é mantendo milhões de ar-condicionados ligados, e gastanto MUITA energia na manutenção deles!

Fica aqui meu manifesto
POR UMA MODA VERDADEIRAMENTE TROPICAL!

Roupa ecológica não é a de fibra de algodão orgânico de origem sustentável. Roupa ecológica é aquela adequada para o ambiente em que você vive!!

domingo, 14 de setembro de 2008

(A)Bacaba

Comida. Um drama, um desafio, um prazer.
Uma das minhas maiores interações com o mundo.
Vejo, toco, preparo, saboreio, mastigo, degluto!
Passa horas em meu corpo, que absorve aquilo que lhe parece.
E volto a vê-la já em outra condição às vezes no banheiro.

Quem me conhece sabe que sou aficionada com comida.
Sem comer carne vermelha desde Dezembro de 2003, quando voltando do ENEB de Salvador, 2N, minha querida colega de graduação começou a me repassar toda a informação apreendida no GD (Grupo de Discussão) que havia participado.

Natal, Ano Novo, e muitos meses sem mais ter que me sujeitar a comer aquilo que nunca gostei mas não sabia.
Desde pequena, quando haviam churrascos aos finais de semana, minha mãe levava feijão e tomate para eu comer. Passei mais de 8 anos sem por também um grão de arroz na minha boca.
Arroz, feijão e bife, em definitiva, nunca me pareceram uma boa refeição.

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Quando saí de casa para estudar, a alimentação saiu da tutoria de minha mãe, e surgia a liberdade de escolher o que comer.
Minha mãe me mandava enroladinho de peito de frango com peito de peru e queijo.
Mesmo o frango, eu nunca gostei. Só comia o peito, e a coxa (sem aquela pele, por Deus!) em eventos de família.
No Natal, o peru era responsabilidade de minha mãe. Da Sadia, lavado, e temperado com laranja e alecrim. Era o prato especial para as filhas frescas que não comiam carne de porco. Essa eu sempre detestei.
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Linguiça é um troço que tentei comer apenas 3 vezes na minha vida. Odiava encarar feijoada.
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Tornar-me vegetariana para mim foi uma libertação.
Consolidada e assumida após ver o documentário A Carne é Fraca, do Instituto Nina Rosa.
Sem comer frango desde Agosto de 2005.
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Eu também nunca gostei de refrigerante. Quando obrigada a bebê-lo, era Guaraná Antártica, e ponto.
Mas minha família, comprava 2 engradados de refrigerante por mês, quando aí existiam as garrafas retornáveis de 1 litro.
Meu pai é fissurado. Hoje ele só toma diet. Mas o volume aumentou com o surgimento das PET de 2 litros. Acredito que ele consuma de 6 a 8 litros semanalmente.
Pode não ter comida na dispensa dos meus pais, mas sempre há refrí!

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Preocupados com meus maus hábitos alimentares (não gostar de refrigerante, não comer churrasco), minha mãe começou a comprar sucos concentrados.
Por anos tomei Maguary de maracujá. Os sucos sempre foram considerados caros em minha casa. E fora uns espremidos de laranja, acho que nunca vi um suco natural sendo preparado em casa.
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Não é a toa que tenho tanta celulite.
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O peixe ainda aparece na dieta: quando estou na praia, ou na beira do rio, com pescadores artesanais. Não me prepare salada de atum, muito menos sardinha.
Faziam meses que não comia. Agora, vivendo às margens de um lago no maior rio do mundo, talvez seja preciso voltar a comer.
Belisquei uns pedaços essa semana aqui no instituto.
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No fim, tudo que não for bicho morto, ou resto de bicho morto, eu como.
Adoro provar comida.
Hoje fui a feira. Queria comprar açaí, que aqui onde é produzido, se come fresco, gelado, adoçado com açúcar e com farinha ou tapioca.
Já tinha acabado, mas tinha bacaba, abacaba (Oenocarpus bacaba). Vi a cor.
Se o açaí tem cor de chocolate meio amargo, a(bacaba) tem cor de chocolate ao leite.
Fiquei curiosa, e levei. Provei esta tarde.
Foi meu refresco no almoço. Lentinhas com gergelim (trazidos de São Paulo), tomates cereja (felizmente produzidos localmente, porque o grande é feio, vem do "sul", e custa de R$5,00 a R$6,00 o quilo) e tapioca com queijo coalho.

Tapioca e o pacote de litro de abacaba.


Cacho de bacaba (já caído)


...
Após uma semana preocupada com minha nutrição por aqui, acho mesmo é que vou comer muito bem por estas bandas.
comida+Amazónia=palmeira

Bom apetite!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mosquitos, Mosquiteiros e Picadas

É muito provável que todo e qualquer brasileiro já tenho perdido umas horas de sono (ou a qualidade dele) devido aos vôos forrageiros de Dípteros fêmeas da família Culicidae.
São muitas as espécies, variando em regiões, climas, e hora de alimentação. A maioria das espécies simplesmente pica, te dá coceira, e vai embora. Mas muitas outras são vetoras de doenças virais ou parasitóides.
Chamados de mosquitos, pernilongos, carapanã, é preciso atenção no cuidado e na prevenção à picada destes mosquitos.

Pretendo aqui deixar algumas informações para minimizar o estresse psicológico e corpóreo causado por esses pequeninos e maledetos insetos.


MOSQUITEIROS

Na minha opinião, a maneira mais "ecológica" de lidar com o problema. O objetivo é criar uma barreira entre você e os mosquitos; um tipo de apartheid específico.

Pouco comercializados em especial na região Centro-Sul do país, mosquiteiros são soluções práticas e eficientes para lidar com o problema de pernilongos nas noites de sono, sem ter que se intoxicar com inseticidas que "protegem sua família".

Para serem suspensos no teto ou nas paredes, são feitos com diferentes tipos de tecidos transparentes, como microtule, filó de algodão ou nylon (um tipo de malha hexagonal) ou poliamida, são comumente classificados em dois tipos: redondo e retangular.
Uma página com um bom glossário de tecidos é esta aqui:
www.litoraltecidos.com.br/dicionario-a.htm

O redondo é constituído por uma base de arame por onde um pequeno tecido sobe para ser dependedurado pelo teto por um único ponto, e do outro lado cai o véu que te protegerá dos mosquitos. É o mais comum e barato dos modelos, mas não é esteticamente bonito.

O retangular, é aquele modelo antigo-clássico, em que até algumas camas já vinham com as hastes mais compridas nos pés, onde prendia-se os panos.

Mas, vamos aos produtos.
1-Modelos profissionais de qualidade

Mosquiteiro Brasil - Empresa paulista

Mosquiteiro Direto de Fábrica - produzido em Joinville-SC, não tem uma marca definida. Estão requerindo uma patente para o produto que "inventaram". (Acho que tem muita palhaçada nessa história das patentes). Fabricam o tipo retangular, para solteiro e casal.

Mosquiteiro artesanal (silvio.rcp@ig.com.br) - Não tem página na INTERNET, o contato deve ser feito por e-mail. As informações que me enviou por e-mail são as seguintes
"O tecido é 100% poliester.As aberturas laterais de acesso são sobrepostos de 90cm de lagura, acomodando um tecido sobre o outro, impossibilitando a penetração do inseto. A armação é preparada com Cana-da-Índia e os acessórios e conexões com arame de aço inox, para evitar corrosão. Dispomos do tecido liso, nas cores branco e bege(suave).
Sou artesão pessoa física, e a negociação com nossos clientes é de mútua confiança: o cliente encomenda o nosso produto, nós preparamos, ele nos paga e nós entregamos (enviamos) a mercadoria. Caso haja algum contato aqui em Salvador-BA, facilitaria.
As dimensões do tecido para o modelo casal padrão são:
Comprimento = 1,73m
Largura = 1,30m
Altura = 2,10m"



Todas essas opções citadas não saem a menos de R$120,00 cada, mas acredito que sejam feitas com tecidos resistentes e tenham alta durabilidade.

2- Mais baratinhos (e de pior qualidade)
Opções mais simples e baratas, geralmente são encontradas em mercados e lojas de rede das regiões norte e nordeste.

O meu, da marca Paraíso, prduzido no Rio Grande do Norte, paguei R$30,00, e serve tanto para cama de casal quanto de solteiro.

Meu mosquiteiro, da marca Paraíso, em poliamida tipo redondo.


3- Mande fazer
A outra possibilidade, na dificuldade de comprar por acesso ou preço, é fazer o seu. Se tiver moldes-medidas, conhecer costureiras, etc., deixe aqui a sua recomendação.

Mosquiteiro de redes:

Já mencionados, pode-se comprar o da marca XXX em comércios especializados, ou pela internet o da marca Kampa.

REPELENTES

Repelentes são métodos para impedir a aproximação do mosquito até você, sem o uso de barreira física. Divididos entre tópicos, ambientais e sistêmicos, geralmente emitem odores que desagradam ou confundem os mosquitos.

Repelentes tópicos:
Aplicados diretamente na pele, na forma de spray, loção, creme ou gel, podem ser de origem industrial, fitoterápicos, ou de pura cultura popular.

Não confio muito no OFF, Autan e Repelex, as marcas industrializadas mais comercializadas (muito menos nos protetores solares que dizem também ser repelentes). A susbtância ativa nesses produtos é o DEET (Dietiltoluamida), substância criada pelo exército norte-americano depois da II Guerra Mundial.
Esses produtos funcionam, mas tem baixa eficácia, se comparado a quando a substância está em alta concentração.
Para crianças e grávidas o uso em alta concentração é desaconselhável, mas em zonas com altos risco de infecção de malária, por exemplo, onde estou agora, gostaria de tê-lo disponível. Ele funciona bloqueando no mosquito a resposta aos odores atraentes. Leia mais aqui.
Vendido em qualquer farmácia em países de primeiro mundo, aqui nas terras tupiniquins as pessoas mal conhecem o nome. Mais uma vez, a indústria farmacêutica está lá para cuidar das aventuras dos gringos nas selvas tropicais, mas não está para melhorar a qualidade de vida de quem vive nelas.

No mundo do fitoterápicos, a planta da vez é a citronela. Um capinzão cheiroso, parecido com a erva-cidreira/capim-santo, que diz-se ser eficaz em repelir o Aedes. Eu adoro o cheiro, mas tenho minhas dúvidas se de fato funciona.
Se conseguir uma muda, plante perto das janelas e portas. Com as folhas, pode-se fazer um spray com a folha picada e água, e borrifar pela casa. O efeito anti-mosquito dura apenas minutos, mas é bem refrescante. Receita ensinada por Senhora Macrini.

Outro repelente de uso tópico é o óleo de andiroba, e apesar da falta de comprovação científica, parece ser eficaz contra as picadas.

BORRACHUDOS.
Os borrachudos, praga do litoral norte paulista, não te picam, te lambem.
Como assim?
Eles fazem um pequeno corte em sua pele (aquele pontinho vermelho) e dali lambem o seu sangue.
A melhor maneira de evitar ataques é cobrir o corpo. Na impossibilidade ou falta de vontade, a segunda opção é deixar o corpo oleoso! Óleo: de cozinha, de amêndoa, de citronela, do que for! Quanto mais oleosa estiver a pele, mais difícil será para o borrachudo cortá-la com a boca (ele vai deslizar).
Sem erro: Peça um pouco de óleo no quiosque, mas não volte com pé de pão.

Texto sugerido sobre insetos e repelentes, veja este artigo do Saúde Total

Repelentes Ambientais
São repelentes que liberam substâncias nos ambientes que afastam os mosquitos.

Os industriais
Geralmente elétricos, da Baygon e outras marcas, tem como versão barata e comum os de pastilha, e versão cara e elitizada o de líquido com botão on/off.

Espiral repelente
É aquela cobrinha verde, usada especialmente no interior. Presa a uma pequena estrutura de metal, emite uma fumaça fedida e possivelmente tóxica, que sim, espanta mosquitos.
É um dos inseticidas mais baratos.

Divisão de Classe no uso de Inseticida
A-Áparelho on/off com líquido
B-Pastilhas
C-Espiral repelente

Há também aqueles que emitem ondas que desorientam os mosquitos.

Aerossóis
Para mim são mais inseticidas que repelentes. As novidades do mercado, consideradas saudáveis, são as misturas a base de água.

Velas de citronela e andiroba
Tanto as velas como as essências quando evaporadas, funcionam como repelentes no ambiente em que estão acessa. Muitos estudos comprovam a eficácia especialmente da vela de andiroba.

Insensos
O problema é durar pouco, mas a fumaça e o odor emitido pela queima de incensos funciona para espantar mosquitos. E viva Noel! Sempre viajo com incensos na mochila, é um quebra-galho genial.

Fumaças em geral
Outra opção é fazer fogo, fogueira. Mas por favor, não queime plástico. Que seja um pedaço de madeira velha, palha, que apesar de fazerem um pouco mal, não chegam a ser tóxicas.
Pernilongo odeia fumaça.

Ventilador
Um vento bem forte próximo a você impede que o bicho consiga voar, posar, e te picar.
Mesmo em áreas com muito mosquito, quando venta não há ataques.
No quarto para dormir, um ventilador pode minimizar o problema (é assim que tenho dormido aqui até hoje).

Fechando o assunto, a Bayer tem um semi-monopólio sobre esse produtos ant-insetos no país. É a mesma tecnologia dos inseticidas agrícolas, em menor dosagem e outro formato para consumo doméstico.

Parte das informações aqui citadas foram retiradas da apresentação de Jorge Autoguia.

Sistêmicos
O princípio é consumir algo, e exalar algo que confunda ou afaste os mosquitos.
São sugeridas dietas ricas em alho e vitamina B1.

Para quem Pode $$$
Tem muito equipamento high-tech sendo produzido para evitar picadas de insetos.
São roupas, barracas, redes, mosquiteiros, e outros com aplicações de repelentes nas fibras. Mais coisa pra gringo ver e usar.


Outras dicas "ecológicas"
Preservar animais de contos de bruxa pode diminuir a abundância dos mosquitos. Sapos, aranhas e lagartixas são predadores naturais, e ajudam no controle da população, tanto das larvas quanto dos adultos.

O aparelho elétrico para pastilhas, pode ter o refil químico substituído por cascas de frutas cítricas.
Ainda não testei, mas todos dizem funcionar.

Escolham a melhor opção, e disfrutem a vida sem picadas, e principalmente sem doenças chatas, muitas vezes sem cura, e quase sempre sem vacina!


Quem são os mosquitos problema, e que doenças transmitem

Mosquito prego Anopheles - Mosquito transmissor da malária, doença causada por um protozoário (Plasmodiun). O maior risco de ser picado por ele é nos crepúsculos (amanhecer e entardecer) e durante a noite.

Aedes aegypti - Animal com a maior publicidade no Brasil, certamente! Listradinho em branco e preto (botafoguense ou corinthiano), tem hábitos diurnos e costuma voar baixo. Dengue se pega de dia, não à noite. Se tiver locais que acumulam água, jogue borra de café para impedir o crescimento das larvas.
Também é vetor da febre amarela, doença viral (flavivírus) para a qual há vacina. Vacine-se!
(para alguns países, é necessário emitir uma carteira internacional de vacinação constando desta vacina)

Aedes haemagogus - Assim como o A. aegypti, é vetor da febre amarela.

Culex - O pernilongo corriqueiro do sudeste (e possivelmente outras áreas, mas não vou falar o que não sei). Tem hábitos noturnos, e ao contrário do Aedes, voa alto (por isso é difícil matá-lo no ar). É o principal vetor da filariose (Wuchereria bancrofti), vulgarmente conhecida como elefantíase, por impedir a drenagem dos vasos linfáticos e fazer com que os membros inferiores (geralmente) aumentem excessivamente de tamanho. Mas Aedes e Anopheles também são vetores.

Mosquito-palha (Lutzomyia sp.) - Vetor da leishmaniose

domingo, 17 de agosto de 2008

Recauchutagem

São José dos Campos.

Pais, cama, quarto. Colchão bom, meu travesseiro, lençol limpo. Noite bem dormida.

Dentista. Limpeza dos dentes, adeus tártaro, e viva a saúde bucal. Aproveite enquanto paga a Petrobrás e a Unicamp te mantém como aluna. Uma nova escova de dente para encher a futura necessaire.

Unhas. Eu como! Não é sempre, mas há épocas em que comer as pelinhas e tentar polí-las com os dentes parece ser o único a fazer, e tão natural como respirar. Mãe irritada, visita a manicure.
A vontade de comer continua, mas já resisti a 8 horas.

Cabelo. Não foi o corte argentino. Mas eu não penteio, não gosto. De vez em quando, quando eu lavo. Pontas secas, falta de corte. Minha mãe quer que eu seja apresentável.

A antiga cabeleireira, Iara, que me libertou das mechas longas em 2005 não pode mais trabalhar. Está com umas dessas doenças de trabalho, LER, tendinite, ou qualquer coisa parecida. Doença do século 21, já protestada por Chaplin em tempos modernos.

Novo salão. Mulheres buscando a beleza, pagando por ela. Papel alumínio, secador, barulho, cheiro de cabelo queimado, produtos para tratamento importados, bijouterias bregas. Um mundo de necessidades criado.
...
Quando eu era pequena, todos os sábados pela manhã, às vezes pela tarde, eu e minha irmã acompanhávamos minha mãe ao salão de cabeleireiro. Era ali que ela passava parte do tempo livre que tinha, e tínhamos que estar ali para conviver com ela.
Eu lembro que era uma manicure loira, com o cabelo longo, parecia um pouco com a Elke Maravilha.
Nessa época minha mãe só usava esmalte vermelho. Depois veio a moda do mais clarinho. Mas nunca deixou de passar um cintilante por cima. de tudo

...

Meu novo cabeleireiro se chama Gabriel. Ele tem tatuagens, e um terno de veludo comprado em Londres, em alguma dessas lojas famosas. Custou 1500 libras. Mas trabalhando na Inglaterra dava pra comprar essas coisas.

...
Uma mulher grávida não pode pintar o cabelo nos três primeiros meses de gravidez. É perigoso para o feto. Mas no fim da gestação, reluzia o vermelho artificial na cabeça de uma futura mãe. Nem deve ser tão tóxico assim. Ou então o bebê já nasce pronto pros químicos que vai enfrentar no mundo real.
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No filme publicitário Sunscreen, vomitado em português pelo Pedro Bial, eles falam asim:
"Don´t see Beauty Magazines
They will only make you feel ugly"
Acho que acabei ficando com isso na cabeça.

...
Me arrancaram a sombrancelha também. Acho que agora devo estar bonita. Bonita não. Mas com o padrão estético perseguido pela sociedade saloneira dos sábados a tarde. Aos menos não vi nenhuma revista CARAS. Mas passava o programa do Luciano Huck numa tevê de tela plana.
...
Recauchutaram a TV também. Agora ela é digital. Meu pai está maravilhado!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Cultura em La Plata

Alguma coisa para ajudar recém-chegados em La Plata (e por que nao aqueles que estao a passeio).

Centros Culturais

Centro Cultural Estaçao Provincial - antiga estaçao de trem abandonada e apropriada pelo movimento cultural. Festas, oficinas, cursos, ...

Centro Cultural Pasaje Dardo Rocha - plaza San Martin - calle 52 entre 7 y 8
Esposiçoes, cinema barato, teatro, e oficinas culturais. Muita informaçao interessante no mural!

Centro Cultural Islas Malvinas - Plaza Islas Malvinas


Centro Cultural Olga Vazquez - Calle 60 entre 10 y 11
Espaço mantido por distintas agrupaçoes políticas. Aí está a Pizzaria Lo de Olga, gerida por uma cooperativa de estudantes. BOm preço, acompanhada de panfletagem.
Telefone: 221.453-4776
Atende das 19 às 24h.

Casa del Pueblo - Calle 49 entre 9 y 10 n. 729
Costuma sediar boas festas.


Centro Vasco Euzko Etxea de La Plata - Cursos de língua Euskera, e outras atividades.

La Grieta
Programação Cultural

Jornal El Dia - Espectáculos
Municipalidad de La Plata - Servicios Culturales

Aulas-Cursos

Dança Flamenca - Carolina Echegaray - contato: lamagnolia@yahoo.com

Dança Afro - Monica Champredonde

Batuquele - Grupo de percussao fundado em 1998, que além de se apresentar em distintos locais, oferece un "taller"( oficina).

Vitrais - Noemia Vitrales - 62 (917) entre 13 e 14

FEIRAS

Plaza Italia (calle 7 y 44) - Todos os sábados e domingos (preferencialmente entre tarde-noite, até as 20h). Artesanatos de excelente qualidade. Madeiras, joalheria com prata e pedras, artesanato hippie, vitrais, roupas, incensos, couro, tecelagem, derâmica, entre outros.
Aos domingos, encontra-se o grupo de danças folclóricas, feira de animais (venda e doaçao), circo (em alguns fins de semana), e DVDs piratas.
Bolsas em Couro- Roberta Vá (mariaroberta@yahoo.com.ar) 221-15-5382107

Parque Saavedra - artesanato de técnicas de revista, alguma comida, antiguidades, e outras variedades (almofadas, banquetas de viagem, e boludezes que podem ser úteis ou tipo polishop).

Feria Paraguaya - Feira popular, todos os sábados, em Villa Elvira. Tomar ônibus Este 16.

Na falta de Brasil

Samba-pagode - Grupo Carinhosos da Garrafa - Grupo platense que toca samba brasileiro. Completaram um ano como grupo em Abril desde ano.
Contato: carinhososdagarrafa@gmail.com

Capoeira: Asociación Argentina de Capoeira

Argentinismos

Danças Folclóricas - Tem que conhecer a Chacarera, Zamba, ...
Há grupos em vários locais, para aprender
Salamanca é um bar em 60 esq.10 onde se bote conhecer um pouco. Há também os domingos na Plaza Italia.

Tango: O clássico clichê argentino.
Tango Criollo Club - Calle 7 casí 42
Para escutar: La Guardia Hereje

Música (nao que eu tenha gostado)
Rock - Los Piojos, los redondos,
Cumbia
Quarteto

Para tomar cerveja

O preço da cerveja de litro no bar é padrao: eram 10 pesos, a inflaçao levou a 12.
Quilmes domina o mercado (com a rubia, roja, bock e stout). As mais baratas Báltica, Palermo. E tem Heineken, Brahma e outras marcas perdidas por aí. Recomendo as cervejas escuras
Onde tomá-las?

La Mulata - 55 (937) entre 13 e 14. Boa música começando cedo, mas depois a casa enche, a música piora e o ambiente de bar vira balada. Ainda assim o recomendo.

Bukowski - 59 entre 6 e 7. Excelente ambiente, música, e boa programacao. Cinema às quartas-feiras, teatro aos domingos.

Antares - Cerveja Artesanal, produzida em mar del Plata. Aqui nao se paga por litro, mas por copo. Muitas variedades

Caetano - Calle 47 Nro. 772 Tel.: 221-483.5683

Balada Gay
La Juana - Calle 44 entre 10 y 11.
Como todos " boliches" de La Plata, começa entre 12p.m. e 2a.m., e começa mesmo às 4a.m. Entrada barata (5 pesos).
Yulo

Sorriso Brasileiro

Nestas andanças pelo mundo, uma constataçao que dá conversa de botequim: o povo brasileiro é aficionado por dentes!

Lembro de quando fui ao CECOM, serviço médico-odontológico da UNICAMP, e tive que assistir uma palestra de cudiados bucais para poder ter acesso ao serviço. Incrivelmente, foi boa, aprendi algumas coisas, como pro exemplo que as distintas cores de dentes tem a ver com a dentina, e depois se transforma (fumantes, corantes, etc.) caso o esmalte, geralmente transparente, comece a ter sua cor alterada.
Descobri também que sempre há maior formaçao de tártaro onde se concentra saliva. Para uma pessoa normal isso pode nao significar nada, mas para quem usou aparelho ordotontico por 5 anos na infancia e 2 anos no pós-adolescencia, gengivite causada por impossibilidade de limpar algumas áreas pode ser extremamente incômodo.

Bernard, meu companheiro unicampestre da geografia, me contou que ensinou 2 dos garotos argentinos que moram com ele a usar fio dental. Nunca tinham visto antes. Tem muita gente aqui que nunca foi ao dentista.

Mesmo comparado aos europeus que conheci nestes meus 23 anos de vida, o sorriso brasileiro é limpo, e muitas vezes alinhado. A ortodontia é quase uma obrigaçao da classe média, e felizmente mais acessível às outras classes também.

...

Meu primeiro namorado tinha uma Oral-B Braun. É aquela escova elétrica clássica de filme americano. Me deixou usar umas duas vezes, mas eu nunca tive uma cabeça de uso exclusivo. É excelente a sensaçao de massagema na gengiva.
Quando eu fui pros EUA e ainda usava aparelho, me rendi a uma Braun Oral-B Advanced Power. ela tinha dois tipos de cabeça e cerdas. Fantástico. Realmente higienizava minha boca melhor do que eu sozinha.

Tirei o aparelho, nao comprei cabeças novas, e agora ela fica guardada no armário embaixo da pia do banheiro da casa dos meus pais.

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Escova elétrica à pilha agora se compra em qualquer boca de caixa de supermercado. Essas descartáveis nunca usei, mas me assustam os resíduos gerados.
Parâmetros de escova de dentes do INMETRO, aqui.
...

A escova mais recomendada pelos dentistas (brasileiros) e que eu uso há muitos anos, Oral-B Indicator Plus, nao é comercializada na Argentina (ao menos nao aqui em La Plata). Fui as lojas especializadas para dentistas e nada. Nao encontrei nenhuma escova de dente para adulto com cabeça pequena. Me rendi a uma infantil. Se for ficar muito tempo fora, lembre-se de levar uma escova de dentes nova.

...

-Escovas de cabeças pequenas limpam melhor a parte do fundo da boca. Isso é o que diz a minha dentista, e a comunidade de profissionais da área brasileiros. Se for mulher, compre a pequena, se for homem, a média, mas jamais a grande. Nenhum dentista a recomenda.
-Passe fio dental diariamente. Eu não faço, mas sei que devia fazer.
-Aplicação de flúor anualmente é importante.
-Se tiver filhos, não o deixe ingerir flúor (ou seja, comer pasta de dente). Excesso de flúor ingerido durante a formação do dente provoca manchas na dentina.
-Não use enxaguante bucal, use Flúor! Enxaguantes não protegem, não limpam e de enganam com uma sensação de frescor. A sujeira e as bactérias ainda estão em sua boca, e a mucosa e gengiva ficam mais susceptíveis ao ataque pelo excesso de álcool que tem essas fórmulas.

...

Para quem quiser substituir pasta de dente por produtos naturais, Salvia officinalis, a mesma sálvia que é tempero.
E já ouvi muita gente dizendo que se pode usar as folhas da orelha-de-onça, Meslatomataceae da restinga, para limpar os dentes na falta de escova, pasta, ou ambos.
orelha-de-onça

...

E no final, o brasileiro é de fato um povo risonho! Com dentes brancos, sujos, alinhados, tortos, sem dente, o brasileiro tá sempre rindo. Sinto falta dessa alegria gratuita no caminhar das ruas.
Se eu sorrir demais aqui, é porque to querendo dar.
...

Essas campanhas de distribuir escova, mutirões em bairros, assistência odontológica nas escolas, dentinhos felizes em panfletos, planos de assistência odontológica, financiamento de tratamentos ortodônticos, parecem de fato dar resultados.

Eu é que preciso perder a preguiça, e levar a sério meus exercícios fonoaudiológicos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Bicicletas, Grupos e Iniciativas!

Primeiro que faz tempo que eu havia ouvido falar da Ashoka, e nao sei porque ainda nao tinha entrado na página e conhecido de perto o trabalho deles.
"A Ashoka é uma organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no trabalho e apoio aos empreendedores sociais - pessoas com idéias criativas e inovadoras capazes de provocar transformações com amplo impacto social. Criada há 25 anos pelo norte americano Bill Drayton a Ashoka teve seu primeiro foco de atuação na Índia. Presente em 60 países e no Brasil desde 1986, a Ashoka é pioneira na criação do conceito e na caracterização do empreendedorismo social como campo de trabalho. Após identificar e selecionar o empreendedor social, a Ashoka oferece uma bolsa mensal por três anos para que ele possa se dedicar exclusivamente ao seu projeto e contribui para a sua profissionalização provendo serviços como seminários e programas de capacitação."

Quem sabe um dia eu consigo essa bolsa. Informaçoes do processo seletivo estao aqui.

Simultaneamente, minha idéia de integrar os grupos de bicicleta do Brasil e da América do Sul, começada ao poucos com uma página no multiply.
Essa semana chegou ao cicloviavel um e-mail do grupo chileno Ciudad Viva para que enviássemos nossas informaçoes para um cadastro dos grupos trabalhando com bicicleta na América do Sul.
Quatro pessoas estao coordenando o SUSTRAN LAC, Sustainable Transport Action Network, para América Latina e Caribe. O projeto visa ampliar o transporte a traçao humana na América do Sul e Caribe, e neste momento está contactando todos os grupos por e-mail, para que preencham uma ficha de cadastro.

Nestas buscas internéticas, encontro também uma página que se chama Escola de Bicicleta. É um site em formato de livro. Informaçoes extremamente relevantes.

Na Espanha, mais presisamente Catalúnia, encontrei o grupo BiciFamiliar! A página pode ser lida em espanhol ou catalao. A iniciativa vem de pessoas que eram ciclistas e usavam bicicletas no dia a dia, e queriam alternativas para seguir com seu cotidiano em família!
Vendem produtos geniais, entre eles o FlexSun, um tipo de toldo que protege do sol (e possivelmente da chuva) além de ser extremamente colorido e contribuir para que a pessoa possa ser vista.

FlexSun (foto da página)

Essa mesma empresa-organizaçao, comercializa um sistema para transporte de crianças chamado followme.A idéia é que o pai-mae tenha o filho sempre próximo, mas ao mesmo tempo o pequeno nao tenha que pedalar todo o tempo. A criança pode pedalar, mas se estiver cansada, o progenitor pode carregá-lo de maneira confortável.

Ainda com as bikes, olhando as recomendaçoes de senhorita Lou, encontro o Hospitality Club de ciclistas: Warm Showers. Roger e Randy sao as pessoas que autorizam o ingresso. Acho importante dar nome a eles (daria caras se tivesse as fotos). Sao pessoas comuns com iniciativas pequenas, e que sao absolutamente fantásticas!

E no meio disso tudo há também os patins! (O Zé Lobo, do transporte ativo, é casado com Érika Cordeiro, patinadora e promotora dos patins como meio de transporte urbano). É um parenteses, por isso entre parenteses.

Cito aqui o ITDP (Institute for Transportation and Development Policy), fundado no ano em que eu nasci, 1985. Tem uma equipe trabalhando em todo o mundo. O que eu acho " fantástico" am algumas páginas que trabalham na América do Sul é o idioma: ingles. Na sei se sao projetos para os sul-americanos, ou se é mais uma dessas práticas neoneocolonialistas em que o homem desenvolvido e civilizado do primeiro mundo baixa as terras onde predomina a pobreza e a desigualdade e trazem a soluçao para o nosso problema. Os projetos do ITDP para a grande Sao Paulo e México podem ser lidos em ingles. Tá aí mais uma das coisas que eu acho que é pra gringo ver, nao pra latino participar.

E pra quem tiver tempo, leiam o americano John Forrester.

Eu ando com dificuldades em definir por onde começar. Em separar profissao de açao.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Estudar Cinema na Argentina

Além da possibilidade de se inscrever para uma carreira completa em uma universidade pública Argentina, como no curso de Comunicación Audiovisual da Facultad de Bellas Artes da UNLP (como alguns dos brasileiros que conheci aqui por La Plata), outra sugestao sao os cursos do Centro de Formación Profesional del S.I.C.A. - Sindicato de la Indústria Cinematográfica Argentina.

Sao diversos cursos oferecidos semestralmente, de edicao, roteiro, som, documentarista, maquiagem, direcao de fotografia, produçao, dentre outros que podem ser verificados na própria página, com um custo de $400-$450 pesos semestrais para pessoas que vivem a mais de 50 m de Buenos Aires.

Endereço do S.I.C.A.
Salta 1919 Capital Federal - Tel: 4305.6565 / 4305.5077


Para quem tiver interesse em fazer graduaçao na UNLP - Universidad Nacional de La Plata, aqui estao as informaçoes para alunos estrangeiros.
Para interessados em intercambio na UNLP, consultar o escritório de Relaçoes Internacionais.

Brasis no cinema

La Plata, chuva, esperando a partida para algum lado.

Filmes alugados, copiados, trazidos, e nunca vistos.

1942, sertao nordestino, em algum lugar de Pernambuco, o alemao Johann, funcionario contratado da Bayer, vende aspirinas de povo em povo e conhece Ranulpho, sertanejo que quer ir pra capital.
Um pouco lento, mas excelente fotografia e roteiro.

Iracema, uma Transa Amazonica
Obra-prima do cinema brasileiro. Obrigatório para o debate Documentário-Ficçao.
Uma análise bem feita levaria tempo. Leia o texto da Revista Contracampo.
Obra fundamental para pensar a questao amazonica do século XXI.
A partir da ficcional relacao entre Iracema (Edna de Cássia) e Tiao Brasil Grande (Paulo César Pereio), o filme conta a história de um lugar, de uma gente, e do grande projeto da construcao da Transamazonica!
É genial!

Bye-Bye Brasil
Preso no meu HD há muito tempo, é um filme referência de uma época recente da nossa história, da gente, da cultura, e do desenvolvimento econômico. Com a participação imperdível de Fábio Júnior.

domingo, 20 de julho de 2008

Dia do Amigo!

Hoje, na Argentina e em vários países do mundo ocidental, se comemora o dia do amigo.

terça-feira, 24 de junho de 2008

RECICLE SEU CICLO

Editado em Abril de 2013.


Há muito, muito tempo eu comecei uma pesquisa sobre alternativas aos absorventes "íntimos" femininos, mais preocupada com a quantidade de lixo que eu gerava que qualquer outra coisa.
(se você é um homem leitor deste blog, peço desculpas e me despido, ou te convido a um passeio por uma parte visceral do universo feminino)

Fora o absorvente em si, uma mescla de algodão, plástico e químicos, o lixo é formado também pelos envelopes individuais, tiras destacáveis na cola central, e pedacinhos nas abas. Acho que 90% das mulheres e jovens de minha geração que usam absorvente externo preferem os com abas! (Mas pode ser que eu esteja enganada.)

Fora as usuárias de absorvente com abas, há também o grupo das mulheres que usam absorvente interno (o famoso O.B., que pode ser da marca Tampax também, e a discussão equivocada sobre pequeno, médio e grande já foi feita pelo filme "Os Normais").

Conheço muita gente que não troca um O.B. por nada. De fato, você não chega a ver o sangue. Ele tapa, algumas horas depois você puxa a cordinha, enrola no papel, e coloca outro no lugar. O sangue do ventre feminino é quase esquecido. Nunca soube optar por um ou outro, sempre fiz uso conjugado! Saídas longas sem certeza de banheiro próximo, nada melhor que O.B. e fraldinha para evitar "acidentes". O fênomeno praia é também difícil, mesmo com o interno, é bom checar o fiozinho.
Ah, dentro do mundo dos absorvente há também a lenda da dioxina, que dá câncer e é usada no absorventes internos.

Mas apesar do O.B. ser garantia de que não vai melar, me incomodava o fato de não deixar sair direito a coisa lá de dentro, e fora isso, aquele algodão resseca um pouco a mucosa da vagina.


Muita leitura, muito google, muito tempo internético, e encontramos os ABIOsorventes. Achei maneira a idéia, me fez pensar muito sobre o que é o ciclo menstrual, rever as luas, os ciclos, o significado desta secreção produzida e excretada uma vez a cada 28 dias pelo meu corpo!

Achei lindo, poético, mas a proposta não me convenceu: são paninhos bem costurados onde se colocam as camadas absorventes, que devem ser trocados como um absorvente normal. Ou seja, no mínimo 3 dessas adoráveis coisinhas para lavar por dia. Aí você deixa de molho um dia, e tem que usar outras 3! A compra recomendável é de 6 a 12 abiosorventes. Cada 6 saem R$72,00 se forem 12 são R$144,00. Achei caro e não prático! Imagina un varal cheio disso pendurado!

Não contente, e ainda na busca de uma solução, cheguei ao que se chama "Menstrual Cup". Não tem uma tradução adequada ao português: copo menstrual. Eu e Camila escolhemos então um nome tupiniquim: coletor menstrual. Nos pareceu mais apropriado, e pode ser usado também em espanhol adicionando-se um C. Os "menstrual cup" tradicionais são em formato de funil fechado na extremidade geralmente feitos de silicone. O número de marcas aumentou do ano passado para este, e todas são regulamentadas pelo FDA/USA.

A proposta é conter o fluxo menstrual em um recipiente que fica preso na parte inferior da vagina, e esvaziá-lo algums vezes ao dia (idealmente entre 4 e 8 horas). A maioria das marcas tem 2 numerações, uma para jovens de até 30 anos que nunca tiveram filhos, e outra para mulheres de mais de 30 ou que já tiveram filhos. Aparentemente, o tamanho/flexibilidade da vagina muda bastante com esses dois fatores.
E com isso, nunca mais comprar absorventes, gerar um lixo que ou fica cheirando mal no banheiro, ou não saber onde colocar um absorvente usado em um banheiro sem lixeira.

O primeiro Menstrual Cup foi patenteado nos anos 30 e se chamava Daintette. Mas reutilizar não foi uma palavra parte da idiossincrasia do mundo ocidental no século 20. Os descartáveis massacraram a proposta. E agora, com o tal movimento ambientalista do século 21, as pessoas parecem começar a buscar soluções. Deixo aqui alguns sites para consultas:

LunaPads - Fabricam abiosorventes e o DivaCup (muito grande na minha avaliação). Usam algodão orgânico ou comum. EUA/Canadá
The Keeper - Fabricam uma versão em látex desde 1987 (que promete durar 10 anos), e a versão em silicone também chama Moon Cup, mas essa é uma empresa americana. (EUA)
Lunette - Marca finlandesa, das mais antigas. Tem um sistema de compra mais complicado que as outras.
Miacup - Eles revertem parte do lucro de venda para o programa Food&Trees for Afrika. Tem uma boa página, informações bem detalhadas. É produzida na África do Sul!
LadyCup - Mais nova marca de menstrual cup. Traz toda uma linha de higienização e cuidado com o aparato, inclusive gel para facilitar a inserção e remoção. As bolsinhas de armazenagem tem diferentes "design". Produzida na República Tcheca, tem o menstrual cup mais liso, e usam os 25 anos como idade entre um tamanho e outro. Nao gostei dele, vazava muito para mim.
FemmeCup - mais uma marca inglesa, é um pouco mais grande que as outras. Pode ser mais dificil de usar, mas suporte maior carga de fluxo menstrual. Não tem tamanhos para cada tipo de vagina.
MoonCup - Essa é a marca que eu comprei. Era a mais barata, e só concorria com a Lunette, Diva Cup e The Keeper. O livre mercado ampliou as opções, e você pode provar outro, a vontade.
LunaCup - Marca que roubou o nome da minha futura marca. É produzida pela Bivea, empresa francesa de produtos para áreas íntimas.
Yuuki - E a marca que recomendo atualmente, pelo custo beneficio.


Se as pessoas começam a criar um monte de acessórios, gel e higienizador em embalagem de dose única, lenços sanitários, etc, etc, a história de diminuir o número de resíduos vai por água abaixo.

E por último, a tecnologia americana para piorar o tipo de resíduo de uso de absorventes.
Instead SoftCup - Menstrual Cup no formato de um diafragma, mas mais flexível, feito de materiais usados na área médica (não especificados). Ao contrário da proposta dos outros, este não é reutilizável, é descartável, e gera um resíduo muito pior que absorventes e algodão. Entretanto, por ser apoiado na base do colo do útero, mantem todo o canal da vagina livre de sangue. Por isso, seu grande mérito é possibilitar manter relações sexuais com o parceiro, sem deixar cair uma gotinha de sangue sequer. E não faço a menor idéia de se há alguma interferência que leve a romper camisinha. (e o videozinho da entrada é genial).
Não vale como absorvente, mas pode ser um bom presente de dia dos namorados! :)

E você quer saber o que eu achei do Mooncup?
Eu comprei faz meses, mas por atrasos e retenções na alfândega, mudança para Argentina, etc., o estreei ontem a noite. Não fervi, deixei de molho em uma solução de cloro para higienizar, li o livrinho de recomendações técnicas, e o coloquei sem grandes dramas. Não cortei a haste como está indicado, porque ainda não entendi bem a dinâmica e a interrelação dele com o meu corpo.
Mas é divertido. Em 24 horas eu sei que saiu 10+12+10+8 ml de sangue de meu ventre. Nunca tinha parado para pensar em quanto de sangue perco por menstruação.
A parte mais incomoda até entao é a retirada.
Todo um novo mundo se abrindo.

Coletor Menstrual dobrado para inserçao

Quando eu comprei, eu queria pegar o sangue e jogar na terra, manter o ciclo do nutriente, enriquecer a terra que me dá de comer. Mas eu já sou bicho raro demais aqui na Argentina. Então eu vou de pouco nessas minhas maluquices.


Em homenagem a uma grande amiga, fica um aviso-dica: se for ferver seu Menstrual Cup para higienizá-lo, coloque um alarme para que se lembre de apagá-lo.
Ou faça a higienização com água sanitária.
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Abril de 2013, quase 6 anos se passaram, e só posso continuar elogiando. Experimentei 2 outras marcas (este do post, se perdeu num furto de necessaire voltando da Argentina).
Em cada canto que passo, acho meu recipiente específico para fervê-lo e esterelizá-lo (porque o povo ficaria com nojinho de comer um macarrão preparado na mesma panela em que eu fervo o coletor).
Trabalhei por 2 meses costurando absorvente de pano na Artefatos de Pano, e mais alguns anos como consultora na produção. Criamos o modelo com a toalha invertida (por cima) pra diminuir as trocas inteiras diárias (trocando-se só o refil).
E já "catequizei" um punhado de mulher que não podia ouvir falar em ver o próprio sangue.

Fora o fato de eu poder fazer tudo (tudo mesmo) usando o coletor, absorvente é um gasto que não entra no meu orçamento. E que faz as minhas amigas pularem para trás quando me pedem um absorvente emprestado, e respondo que não uso (e não que não tenho).
Os absorventes da Artefatos de Pano

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Diferenças de tamanho do LadyCup - Clique Aqui (não gosto muito deste modelo)

Fórum em inglês com informações, dicas e debates das usuárias: http://www.menstrualcups.org/

E outra página com informações em inglês, sobre opções menstruais reutilizáveis:
www.ecomenses.com

E se você está realmente curioso com todo esse tema, deixo o convite para um passeio pelo Museu da Menstruaçao e Saúde da Mulher.

RECICLE SEU CICLO

terça-feira, 13 de maio de 2008

Córdoba


Quinta-feira última, saía um ônibus para a cidade de Córdoba.
A Federação Argentina de Estudantes de Agronomia, FAEA, organizou a "I Jornada Nacional de Producción Agropecuária", uma alternativa para agregar ao movimento nacional os estudantes menos politizados e mais preocupados com a carreira profissional.
Era uma jornada de produçao leiteira, e sobre o leite e as pobres vacas, e tudo que vi e quero esquecer, comento em outro momento.
Tive uma tarde de mochileira no sábado, perdida pela cidade. Saí da jornada, subi em um ônibus, e sem perguntar a ninguém, somente com aquele sentimento de saber que rumo seguir, desci a 10 metros do posto de informação turística, onde queria pegar um mapa.
Caminhando pelo centro encontrei um grupo pintando uma parede, e tinha um convite. Aceitei, e ajudei o Colectivo Cultural Callejon con Salida a terminar o mural na parede da quadra de um colégio, sobre a privatização da água em Córdoba.

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Dicas de Viagem
Há diferentes tipos de alfajores na Argentina. Um deles é o cordobés.
Passando pela rua me ofereceram uma amostra grátis do La Quinta, e acabei comprando 3 docenas: uma pra mim, uma pros meus pais, e outra para os amigos. Se for a Córdoba, tem que comprar.
Mapa de Córdoba